Rejeitar Os Códigos
Proliferam pela rede os códigos do prazeroso jeito na Feira de Abril. Ultimamente, jornalistas, blogueiros, um assistente pessoal de compras e de outros entendidos têm se empenhado na fabricação de uma série de regras não escritas da Feira que todos os sevilhanos conhecem perfeitamente.
São os códigos da festividade, aqueles que te executam levar uma séria espiar de desaprovação, quando não os cumpre. No entanto, quais são os regulamentos não escritas, se não é pra saltárselas alguma vez? À capacidade que progride a semana de Feira, os códigos relaxam. Os primeiros dias, as senhoras atendem perfeitamente ao vestido diário, as jóias e as cores permitidas, meio salto, os homens com o casaco de listras, o lenço no bolso.
Parece uma frivolidade, mas em Sevilha não é. Após mais de uma década a ouvir o questionamento de uma companheira Feira depois da Feira por não utilizar meias, aparentemente, um erro tipográfico do protocolo, quinta-feira, lá estava ela, sem meias, e justificándose, -“é que faz demasiado calor”-. Justiça divina ao final.
Comecei a aprender que estas regras tinha que saltárselas há anos, quando, com os pés dolorosos por um salto monísimo me sentou próximo a uma simpática senhora na alpargatas. Acabou por ser a zapatera mais famosa da cidade. “Não faças caso, a Feira necessita vir confortável”, sentenciou.
Outro código quebrado sexta-feira foi o do agasajo nas tasquinhas, a “glória bendita”, o “que não vos falte anythin”. Pela Feira eu vi coisas que você não iria acreditar: Atacar navios em chamas, além de Orion, raios-C brilhar na escuridão perto da porta Sacra.
Antes da instabilidade, o vi voar pratos de presunto, lagostins e potajes. Queijos com uvas, ovos de codorna e deliciosas sobremesas. E neste momento, em plena recessão, eu vi um prato de camarões tigre escoltado em uma recepção municipal pra que ninguém se aproximasse dele, até que chegasse ao seu notável destinatário.
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Outro assunto quebrado o encerramento de semana de Feira é o musical. Cada vez se ouvem nas casotas menos sevilhanas e flamenquito em prol dos chimpún, as orquestitas e orquestazas, o DJ com a música latina, os últimos hits dance. As amigas de fora que mal podes respirar com as roupas de cigana prestados não dão crédito a tanta marcha: “Levo semanas ensaiando as sevilhanas pra nada”, se lamenta. A Feira vai terminando e, com ela, todos os seus códigos, incluindo as estatísticas.
trata-Se de tentar variar com fatos objetivos de uma impressão subjetiva e, por esse caso, coletiva, que não é outra que a Feira tem estado vazia esse ano. Sem mais. Por ser objectivos: todos os dias se podia circular sem dificuldade em Medicamentos e ontem se podia estacionar com conforto.
isto É um fracasso institucional ou coletivo? Você é a constatação de que o desejo tem sido mais do que a realidade? O direito é que a falta de feirantes quebra o discurso triunfalista da recuperação iniciada pelos políticos pela Semana Santa, quando praticamente decretaram o fim da decadência na cidade. As casas antes impraticáveis e imediatamente vazias na hora de comer, são a constatação de que ainda não saímos do túnel, por muito que tenha fogos de artifício no término.